A Feira de Alvito ou dos Santos, designação por que é mais conhecida e lhe cabe pela data da sua realização – 1, 2 e 3 de Novembro – (não nos esquecemos que dia 01 de Novembro é reservado no calendário da Igreja para a celebração de todos os Santos), remonta ao século XVI. Foi o povo e a Câmara que em carta enviada ao rei em 1579 solicitaram a realização do certame, tendo em vista, por um lado escoar a produção local, com destaque para os produtos agrícolas e hortícola, designadamente estes que alcançavam uma expressão muito significativa ao nível da economia do concelho, por outro assegurar o abastecimento da terra.
Mandou o monarca que a feira tivesse lugar em dia de Santiago, data que não mereceu o acordo dos moradores, que entenderam como mais conveniente o dia 1 de Novembro, no que conveio o Cardeal D. Henrique que então reinava.
A feira, de realização anual, contribuía de uma forma muito significativa para a prosperidade da vila e das suas gentes. Tornou-se rapidamente um pólo de atracção comercial, nomeadamente ao nível dos concelhos limítrofes, onde afluíam mercadores, tendeiros e outros vendedores, bem como compradores, de várias regiões do país, sendo mesmo de destacar a presença de espanhóis que aproveitavam a ocasião para comprar e vender diversas mercadorias.
Para o êxito da feira contribuiu definitivamente a data da sua realização, coincidente com o final e o início do ano agrícola. Tornou-se rapidamente um espaço privilegiado de venda de frutos secos – castanhas, nozes, figos e amêndoas de legumes como o feijão, de cereais e ainda de muitos e variados produtos artesanais, não faltando também neste domínio a presença dos produtos locais. Refira-se que já no século XVI a feira era um espaço de animação: não faltavam as tendas de vinho, jogos e as mulheres de má vida, assunto que mereceu particular atenção da Câmara.
Anterior a esta feira, foi a de Santa Maria, criada por D. Dinis em 1295 e de cuja realização já não havia notícia em 1579 quando se instituiu a actual. Certamente não terá resistido à crise do século XIV.
Já no século XIX e tendo em conta mais uma vez o abastecimento e desenvolvimento da vila, a Câmara instituía, em 1899 uma outra feira, que ficou conhecida como Feira Nova e se realizava entre 20 e 21 de Agosto. Também ela foi de curta duração, pois em 1914, segundo informação do Administrador do Concelho da altura, já só se realizava a Feira dos Santos. Em 1949 a Câmara ensaiou a criação de nova feira. Tinha lugar a 4 e 5 de Julho e uma vez mais repetiu-se o insucesso da de 1899. Para ficar estava sem dúvida a Feira dos Santos, cuja tradição persiste passados que são mais de quatro séculos sobre a sua criação.
Enquanto outros certames de raiz e características vincadamente populares tendem a desaparecer, a Feira de Alvito, de ano para ano cresce e torna-se um forte pólo de atracção regional. Hoje a feira reflecte as mudanças da economia e dos tempos modernos.
A animação e outro comércio que não o tradicional, ganham cada vez maior espaço, assim como as actividades lúdicas e culturais promovidas pela autarquia, sempre preocupada em bem receber os filhos da terra que regressam nesta altura, e os muitos forasteiros que visitam a vila.
Mas não se perdeu de todo o velho hábito de vir à Feira de Alvito comprar as nozes, as amêndoas, as castanhas ou os figos secos, aconchego das longas e frias noites que se fazem adivinhar.
Em cada ano que passa Alvito alinda-se para a feira. As ruas ficam mais cuidadas e o casario mais branco. No ar pairam cheiros de pitéus que sempre se preparam para receber familiares e amigos; vestem-se fatos domingueiros, as ruas enchem-se de carros e gentes num bulício pouco usual e alegremente perturbador da pacatez da vila. A Praça e o Rossio são um mar de gente.
A feira é festa e Alvito, por um dia, toma-se a capital do Alentejo.
No próximo dia 31 de Outubro, pelas 21.30h, no Auditório Municipal de Gaia, a Associação das Colectividades de Gaia vai homenagear FERNANDO PEIXOTO, o Poeta, o Historiador e Investigador, o Escritor, Encenador, Cidadão exemplar, Pai extremoso e "tantas searas mais de sabedoria que nos deixou"(como muito bem diz Brancamar ), evocando todo o seu percurso de vida.
Será um espectáculo com música, teatro e poesia com textos de sua autoria.
Para reservar o seu convite, envie urgentemente um email para helena_peixoto@sapo.pt, com o número de convites que pretende reservar.
A CAMINHO DE SIÃO
Embarcastes na nau de uma promessa Que navega ondulante sobre a vida Na viagem dos anos, que começa No momento preciso da partida, Quando um sonho ansioso se atravessa Em direcção à Terra Prometida. Como nautas partis nesta aventura Carregados de sonhos e ternura.
Tormentas e procelas surgirão, Alguns ventos virão para anular Os caminhos que a vossa decisão Vos ditou como rumo p’ra alcançar, Onde se ergue a montanha de Sião Na qual, por fim, haveis de repousar. E podeis crer que nem a Tempestade Tem mais poder que a força da Vontade.
Quando assim se navega, na certeza Que há um porto de abrigo à nossa espera, O leme é mais seguro e há mais firmeza Na nau que sulca as águas da quimera: Extingue-se o Inverno, ante a beleza Com que, súbito, irrompe a Primavera. E finalmente o Sol se sentará No trono fulgurante da Manhã!
E se o mar vos parece mais bravio Dobrai o vosso Cabo da Esperança: Que o mar pouco mais é que um largo rio Onde sobram correntes de bonança. O mar da vida é sempre um desafio Que tem de se enfrentar como uma herança E que a todos atinge por igual. No Amor ... não há pecado original!
Foi uma declaração que evoca desertos por atacado, porque um só não chegaria. A uns foi buscar as ideias e a outros, a tanta areia que nos atirou aos olhos. Sobre a primeira questão: fazer uma declaração quer dizer falar, e falar quer dizer fazer-se entender. A declaração de Cavaco Silva, de ontem, é nada. É filha desse linguajar de assessores e que é, no essencial, um insulto aos cidadãos, a quem os políticos devem, e raros cumprem, uma língua tersa, clara. Sobre a segunda questão: se ele não disse nada, sugeriu muito. Cavaco Silva manipula quando não refere as peças fundamentais e iniciadoras deste assunto: as duas manchetes do Público, a 18 e 19 de Agosto, que lançaram as suspeitas da Presidência sobre o Governo. A lacuna não é ingénua, porque essas manchetes demonstram quem teve a iniciativa do escândalo. E o que dizer sobre o "fiquei a saber" - ontem acontecido a Cavaco, nas palavras do próprio - que os computadores de Belém são vulneráveis? O mais piedoso que há para dizer é que ele quis mesmo empurrar-nos para as suas suspeitas - manipular-nos, pois. Porque a outra hipótese, ele desconhecer, até ontem, que todos os computadores (de Belém à Casa Branca) são vulneráveis, essa hipótese é insultuosa para o Presidente de Portugal.