16/04/2012

ALVITO - Igreja da Misericórdia e Capela de Nossa Senhora das Candeias

Igreja da Misericórdia e Capela de Nossa Senhora das Candeias


Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público Decreto n.º 44 675, DG, I Série, n.º 258, de 9-11-1962


Fundada cerca de 1520, por dois moradores da vila, Ramiro Alvares, mercador, e António Vaz Pereira, tabelião (GONÇALVES, Catarina V., 1999, p. 53), a Irmandade da Misericórdia de Alvito edificou a sua igreja e hospital no espaço contíguo à capela do Espírito Santo. Esta, fundada no início do século XVI, de estrutura manuelina, estaria ligada ao hospital da vila, servindo de albergue de peregrinos. Após a fundação da Misericórdia, e tal como acontecera em muitas outras vilas do país, tornou-se a mais poderosa confraria da povoação, anexando a irmandade encarregue pela administração do hospital. Desta forma, a Misericórdia de Alvito passou a administrar os bens de assistência locais, dando então início à edificação do complexo que albergaria a sua igreja, o seu hospital e a casa do consistório. De linhas maneiristas, o conjunto data da segunda metade do século XVI, incorporando quatro espaços distintos, de planimetria rectangular, dispostos longitudinalmente, que correspondem à igreja e respectiva sacristia, à capela de Nossa Senhora das Candeias (a primitiva capela do Espírito Santo), e à casa do despacho. Na mesma época em que foram construídos o templo e o consistório, a fachada da capela manuelina foi reformada, numa obra que conferiu uniformidade ao conjunto. A fachada apresenta um modelo de linhas depuradas, sem qualquer programa decorativo, destacando-se apenas os portais da igreja e da capela, de moldura rectangular, encimados por frontão de volutas. O portal do templo da Misericórdia integra no tímpano do frontão um escudo com as chagas de Cristo, o da capela da Senhora das Candeias é encimado por um nicho que alberga uma imagem da Virgem com o Menino. As fachadas terminam em empena, unificadas por uma cimalha contínua. À semelhança da maior parte das igrejas de misericórdia edificadas de raiz no século XVI, o templo de Alvito possui espaço interior unificado coberto por abóbada de berço, correspondendo à nave e à capela-mor, que se diferenciam pela elevação do pavimento desta última. A abóbada que cobre o espaço divide-se em cinco tramos, decorados por pintura de motivos florais, datada de 1842. Do lado da Epístola foi edificado o cadeiral da irmandade, datada do século XVII. O retábulo da capela-mor, de talha dourada barroca, possui tribuna, tendo sido executado no final do século XVII pelo mestre Inácio de Faria (ESPANCA, Túlio, 1993). Destaque merece também o interior da capela de Nossa Senhora das Candeias. A nave, de espaço unitário, é coberta por abóbada de cruzaria, decorada por estuque de gosto rococó. As paredes são totalmente revestidas por painéis de azulejo policromo, datados de 1682. O arco triunfal, quebrado, foi também revestido por azulejos de padrão, e a capela-mor é coberta por abóbada estrelada, decorada com pintura a têmpera, com cenas perspectivadas da Anunciação e da Epifania. O retábulo-mor, de talha policroma, integra pinturas seiscentistas. O conjunto da Misericórdia sofreu alguns danos com o sismo de 1969, pelo que entre esta data e 1979 foram feitas diversas obras de consolidação de estruturas e reconstrução de coberturas. Embora continue a funcionar como local de culto, a Igreja da Misericórdia de Alvito possui um núcleo museológico, do qual se destaca uma tábua quinhentista executada no segundo quartel do século XVI, de influência flamenga, com a representação da Pietá (Idem, ibidem). Catarina Oliveira IPPAR/2005


NOTA RECTIFICATIVA: A Drª Dina Monteiro (Técnica do Turismo da Câmara Municipal de Alvito)sempre zelosa dos "seus" Monumentos informou-nos que:

 1) A Igreja da Misericórdia não se encontra ao culto;

 2) O núcleo museológico não “existe”, isto é, existe um acervo de arte sacra, mas o mesmo necessita de ser tratado, pois há muitas peças a necessitar de restauro. No âmbito de um protocolo assinado entre a CMA e a Diocese de Beja (durante a vigência do anterior Executivo), ficou estabelecido que o acervo seria tratado e restaurado para futura exposição/Museu na Igreja de Santo António. Contudo, até agora não foi dado seguimento a este processo. 

 3) a Capela de Nossa Senhora das Candeias é utilizada como capela mortuária.


 Agradeço a atenção dispensada ao Blog Alvito-Baixo Alentejo e as rectificações ao texto publicado.

Sem comentários:

Seguidores

Arquivo do blogue