DE RELANCE, O ALENTEJO
Um céu abafadiço, um ar de ausência
esperando nuvens imóveis no céu baixo.
A terra, já das ceifas recolhida,
alonga-se manchada a flores tardias,
roxas, vermelhas, amarelas, brancas,
como penugem de esquecida Primavera.
Por entre os campos, os cordões rugosos
dos caminhos para toda a parte,
menos para os campos, que pacientemente evitam.
Na linha do horizonte próxima ou distante
conforme as ténues cristas da planura imensa,
um claror de céu, um tufo de arvoredo,
alternadamente se tocam e se afastam.
De súbito, num alto que a planície esconde,
as casas surgem brancas e compactas.
Como surgem, mergulham
na sombra poeirenta de azinhagas em ruínas.
Ainda se demora uma torre antiga,
escura, com ameias e janelas novas,
caiadas.
Um rio se advinha. Mas, de ao pé da ponte.
de novo apenas o ondular da terra,
um crespo recordar só de searas idas.
Autor Jorge de Sena
Foto de Aguinaldo Vera-Cruz
3 comentários:
Pois. Estava-se a adivinhar, ao primeiro verso, que haveria de ser alguém assim....
Um abraço.
"De súbito, num alto que a planície esconde,
as casas surgem brancas e compactas.
Como surgem, mergulham
na sombra poeirenta de azinhagas em ruínas.
Ainda se demora uma torre antiga,
escura, com ameias e janelas novas,
caiadas."
E este é o Alentejo que recordo e que amo...
Beijo e bom fim de semana ;))
Jorge de Sena foi fugura polémica e segundo sei algo irascível. Homem de cultura, apreciei-o smp e tmb sua poesia apesar de não ser obra entre os maiores e por vezes desigual entre si.
E est "De relance...." diz bem k basta um "relance" para k o Alentejo entre nas almas sensíveis e despidas de preconceitos, lá se aloje e perdure.
Andei "olectando" (há quem lhe dê outro nome)fotos para matar as saudades imensas.
bjs p/ todos, meu amigo-quase parente,
Bom f.s
Luz e paz
Enviar um comentário