16/06/2009

MENTES BRILHANTES






--Mentes brilhantes

Ou muito me engano ou já faltará pouco para ouvirmos falar do risco da estabilidade do regime se as esquerdas continuarem a contrariar nas urnas este conceito de democracia a dois. Uma maçada, isto das insignificâncias se tornarem significantes

8:48 Segunda-feira, 8 de Jun de 2009

Não sei se já repararam, mas Portugal tem, desde o último domingo, um problema de "ingovernabilidade".Ao contrário do que seria de supor, o problema de "governabilidade" não é decorrente da hecatombe eleitoral do PS nas "europeias". Ao que parece, nem sequer resulta das trapalhadas em que os socialistas se meteram ao longo deste tempo. Nem - já agora - da identidade que perderam, se é que alguma vez a tiveram.O problema da "ingovernabilidade" muito menos decorre da vitória do PSD nas eleições europeias. Nem da memória do seu registo recente de passagens pelo Governo.
Habituados a considerar "governabilidade" o dois-em-um em que os partidos "do arco do poder" vão gerindo a estafada vidinha pública em Portugal desde os primórdios da democracia, o habitual desfile de comentadores vê o risco de "ingovernabilidade", isso sim, na subida "preocupante" de uma denominada "esquerda radical".

Pela voz de alguns opinadores de serviço - a este respeito, as noites eleitorais são uma visita guiada à variedade da fauna - ficamos, pois, a saber que o facto do Bloco de Esquerda e a CDU terem ultrapassado os 20 por cento de votos é que é potencialmente perigoso para a democracia. A democracia, essa, é que continua a não fazer caso de sondagens e opinadores e lá vai aparentando, pelo menos nos votos expressos, uma aparente tendência para chatear.

Confesso que não sei como pode ser ingovernável algo que ainda não se conhece. Neste capítulo, muitos dos nossos comentadores não se distinguem de um conservador empedernido: preferem um mal que conhecem a um bem desconhecido. Na verdade, passam o tempo a desancar os governos que temos, os partidos que temos, os políticos que temos, os escândalos que temos e a democracia que não temos. Mas na hora em que paira no ar a possibilidade de um novo panorama político condicionar seriamente a paz podre do regime, multiplicam-se os alertas sobre os perigos da "ingovernabilidade".

Quer isto dizer que a "ingovernabilidade" só é capaz de ser uma coisa boa se tiver a aparência de governabilidade. E incluir os habituais protagonistas da chamada "alternância de poder". Governável ou não governável, o País dos nossos opinadores aguenta bem o bloco central de facto ou qualquer conveniência de regime. Pelos vistos, o que não suporta mesmo é ter de lidar com algo que possa estragar o arranjinho mais duradouro da nossa democracia.

Ou muito me engano ou já faltará pouco para ouvirmos falar do risco da estabilidade do regime se as esquerdas continuarem a contrariar nas urnas este conceito de democracia a dois. Uma maçada, isto das insignificâncias se tornarem significantes.

2 comentários:

O Micróbio II disse...

Não tenhas dúvidas...

Dida disse...

sigo estas palavras desde 2005.

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