LEMBRANDO RAÚL DE CARVALHO
Raúl Maria de Carvalho, poeta, natural de Alvito onde nasceu a 04 de Setembro de 1920, colaborou nas revistas Távola Redonda, Árvore e Cadernos de Poesia .
A obra deste poeta, onde se encontram evocações da sua infância alentejana, revela a sua ligação ao neo-realismo. A fidelidade ao humano e o estilo enumerativo e anafórico são marcas da sua poesia.
Os seus títulos englobam As Sombras e as Vozes (1949), Poesia, (1955), Mesa de Solidão (1955), Parágrafos (1956), Versos - Poesia II (1958), A Aliança (1958), Talvez Infância (1968), Realidade Branca (1968), Tautologias (1968), Poemas Inactuais (1971), Duplo Olhar (1978), Um e o Mesmo Livro (1984) e Obras de Raul de Carvalho — I — Obra Publicada em Livro (editada postumamente em 1993).
Recebeu, em 1956, o Prémio Simón Bolívar, do concurso internacional de poesia realizado em Siena, Itália.
(elementos recolhidos aqui)
Faleceu aos 3 de Setembro de 1984.
Coração sem imagens
Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.
2 comentários:
Não conhecia, vou ver se acho alguma coisa dele, obrigado pela dica e boa semana.
Não sabia a data de nascimento do poeta.
Conheço a obra que aprecio sobremaneira e estranho nunca dele falarem.
Fiquei feliz por aqui, em blog homónimo de sua terra, o encontrar.
Obrigado.
Há uma coisa para si lá no meu blog.
Fraterno abraço
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